segunda-feira, 24 de agosto de 2009





'"Se você tem a coragem de deixar para trás tudo que lhe é familiar e confortável (pode ser qualquer coisa, desde a sua casa aos seus antigos ressentimentos" e embarcar numa jornada em busca da verdade (para dentro e para fora), e se você tem mesmo a vontade de considerar tudo que acontece nessa jornada como uma pista, e se você aceitar cada um que encontre como professor, e se estiver preparada, acima de tudo, para encarar (e perdoar) algumas realidades bem difíceis sobre você mesma...então a verdade, não lhe será negada." (Elizabeth Gilbert)


O texto acima está na contracapa do livro "Comer, rezar e amar" obra que inspirou o nome de batismo desse blog. Ele representa muito claramente o objetivo dessa viagem: um encontro comigo mesma, ter tempo para ter tempo, aprender e melhorar.

Não esperem que esse seja um espaço de desabafos, ou uma narrativa fiel da minha jornada, afinal ela e íntima, pessoal e intranferível. Afinal certas coisas somente a mim pertencem, e eu não vou transformar um espaço público num divã no ciber espaço.

Poderia até dizer que junto com o Comer, rezar e... também me inspiro no "Uma vida inventada" de Maite Proenca (presente de uma amiga que eu amo muito), onde realidade e ficção se misturam em doses medidas, tornando o livro ainda mais interessante de ser lido.
Além das estórias lá contidas, ficamos a nos questionar? Nessa parte, ela está falando a verdade ou não, ou será esta a vida inventada?

Hoje a questão do dia foi - Como podem férias de luxo (deixar os empregos, os amigos, a familia, os amores, os bens materiais e o conforto) doer tanto?

Esse foi o tema desse primeiro dia de jornada. Meu útlimo dia em casa (lato sensu) foi marcado pela melancolia. Cheguei ao escritório cedinho, para os arremates finais, fechar pastas, fechar contratos, fechar encaminhamentos, fechar back up's, e por fim fechar as portas...

Foi dolorosamente estranho passar a chave naquele que era meu mundinho particular, lugar que eu aprendi a gostar, que após uma breve (para não dizer brevíssima) fase de negação, se tornou meu lugar preferido, tanto que investi muito dinheiro e TEMPO (coisa que não tinha) deixando ele ao meu gosto.

Sala dedicada ao cinema, com as divas, cadeiras de estilo, biblioteca sobre filmes e atores, um tapete feito sob encomenda da forma que eu imaginei. Vermelho, of course.

Ali era o lugar do prazer, onde o objetivo era ser simplesmente bonito e representar meu amor pela sétima arte.

A segunda sala dediquei ao meu espírito mundano, cheia de mapas, inclusive um antigo, sendo também minha estacão de trabalho, ali passei as horas de trabalho mais duras dos últimos anos.

Minha vida passou a reger por um risque rabisque onde meia folha era um calendário, com os compromissos, e o outro lado, uma lista de coisas para fazer que nunca acabava...

O bom foi que nesse sábado, joguei a lista mais recente, completamente riscada (o que significava tarefa cumprida), junto com suas irmanzinhas (as listas anteriores)...enfim, cumpri meu objetivo e por outro lado aprendi que posso me organizar, mesmo que seja na pressão.

A última sala devia ser um espaço para o estudo, já que a biblioteca "Patricia Freitas" está lá, mas acabou se tornando o espaço do prazer. Muitos foram os cafés, depois substituídos por chás, sandubas, chocolates, que tiveram seu ocorrer naquele local.

Lá, a poltrona simplesmente reina e todo mundo gostava de ir para lá, tomar um chá, um café e ficar simplesmente conversando, antes ou depois do trabalho e as vezes até durante o mesmo.

Essa sala eu dediquei aos gatos, minha terceira paixão...montes deles, seja nos quadros de Flavio Tavares, nas miniaturas que trouxe das viagens e das que ganhei, no calendário do ano que vem e no dos anos passados...os bichanos estão por toda parte...dá até para imaginar os miados...

Pois bem, ontem foi o dia de fechar as portas, ainda bem que nada precisou ser empacotado, esse mundo não foi extinto numa tsunami, nem hecatombe, eu simplesmente criei e sai dele, mantendo-o intacto...muito melhor assim...

Seguiram-se então um sequência intensa de encontros e desencontros, como diz Miss Gilbert, a partida é um ato de coragem, e incrivelmente dolorido, você sente pelo que deixa, principalmente quando o que vc tem a deixar é precioso, afinal - toda ausência é atrevida - como me disse um grande e algumas vezes inconveniente, amigo.

Doí por não se sentir justa com as pessoas que ficam e sofrem com sua ida, pois até essas tiveram que me apoiar, dizer que ia ser bom, que se não gostar volte e tudo continuaria como antes, quando poderiam simplesmente dizer a verdade: você estaá indo porque quer, não queira ser vitima, pois não será.

De todo modo, ainda bem que a humanidade tem salvação e mesmo no meu caso, até aqueles que mais sentiram a minha ida, cuidaram de mim em todos os aspectos, o que tornou a hora da ida pior ainda...

Mesmo minhas palavras mostrando tristeza, e das grandes, não sinto arrependimento algum, essa dor está me parecendo um tempero de uma comida que eu ainda não comi e por isso mesmo estou estranhando o sabor...mas tenho a intuição que vou gostar...

Eu não nasci gostando de rúcula e hoje salivo só em pensar nela, ainda mais se tiver acompanhada de azeitonas, so, esta é a situação, a dor que acompanha o ato de partir, "de deixar tudo para trás que lhe 'é familiar e confortável" está acompanhada da realização de um sonho, que se inicia no local mais bonito do nosso Pais: o Rio de Janeiro.

Como o vôo foi só de choro e tristeza, óbvio que chegar no hostel não foi motivo de festa...o transfer não foi buscar, dai 30 reais de prejuízo (na diferença do táxi) e dois lances de escada para atingir meu quarto, isso com 50 kilos de bagagem...

O resto do dia passei fazendo o que os deprimidos melhor fazem: dormir, dormir o dia todo, inteirinho, tanto que esse texto esta sendo escrito por alguém totalmente desperto de madrugada, aproveitando o wireless do hostel e aprendendo, na marra a usar o netbook, utilissimo e inutilizado no passado, frente a potencia do outro computador, sempre preferido, mesmo sendo maior, mais pesado...

Até o netbook é um encontro com o novo, já que não sei usá-lo muito bem, outra linguagem, ousei instalando o linux (os acentos que o digam), mas a agilidade, a leveza, e porque não falar o estilo, já me conquistaram, estou deitada na cama, aproveitando de meu nanicobook...que não pesa nem 1 kilo...maravilha...

E como o objetivo dessa viagem não é testar os limites de minha saudade, nem do meu amor por ninguém, óbvio que ja dei uma arrodeada pelos cantos, vi o que passava no cinema, agendei um compromisso e estou me abrindo ao novo...com tudo de bom e de ruim que vem junto com ele.

Das coisas boas, minha viagem já fez com que gente que não mexia com computador, aprendesse a usar e-mails, com que outros refletissem o quanto pessoas podem ser importantes e transformadoras nas vidas de outros, me fez notar que a gente junta muito cacareco na vida, e que realmente e que gente se torna mesmo responsável por quem cativa, pois a parte mais dura da ida não foi o que deixei, e veja que eu deixei muita coisa que a sociedade reputa valioso, mas quem eu deixei...

Agora me cabe a pergunta, que encerra esse meu primeiro dia de sabático: eu sei quem eu deixei, mas e agora? quem e o que será que eu vou encontrar?

4 comentários:

  1. Sou muuiiiitooooooo suspeita pra falar desta neo cronista, acompanhada recentemente de seu nanicobook.. Simplesmente a amo!!! Embora sinta-se deprimida pela partida, siga seu caminho ciente que aqueles que te amam sempre estarão contigo.. é necessário que se instale esse vazio, esse despojar em sua mente e coração para que alce novos vôos e se preencha totalmente de coisas novas.. Felicidades, tia Kátia.. Eliane Nakagaki

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  2. Hummmmm, indo ao Starbucks Coffee... É verdadeiramente um crime hediondo, e digo mais imprescritível de graça ou indulto. Mas para evitar qualquer tipo de persecussao criminal e inviabilizar sua jornada "sarabática" (que por sinal seria uma ótima ideia), também fui ao Starbucks Coffee Company, como diz nosso Coordenador botafoguense: pura física quântica.
    Um beijao enorme, com muita saudade

    Eu

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  3. É sempre bom ter oportunida pra mudança!
    Apesar de doer bastante, talvez nossas maiores buscas depois de percorreemos um logo caminho, acabem sempre dentro de nós mesmos e de quem amamos. A admiro bastante pela coragem e força!

    Bjaum e direcionamento!

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  4. Adorei!!!
    Vc é surpreendente!!!
    Estou te vendo na minha frente com toda animação em busca de aventura.
    Boa sorte!
    Beijos da sua amiga-irmã, seu fiho Gabriel e sua neta Júlia.

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