sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Meu nome é Jonhnny


À primeira vista parecia só mais um garoto. Talvez nem tivesse vivido tanto para ter muito o que contar. Ledo engano.

Na roda que se formou, o esperado era que fosse apenas mais um ouvinte e “rinte” e “perguntinte” quê necessariamente um falante...Ledo engano.

Claro que os experientes iriam dominar a conversa, pois tinham vivido mais, tido grandes aventuras, os maiores amores, eram senhores das grandes sagas, titulares de enormes aprendizados. Ledo engano.

Num giro; numa deixa para um comentário, o menino virou rapaz que virou homem e depois um velho...um sábio...e todos se calaram para ouvir o menino.

Estávamos conversando com Johnny. João Estrela. Igual àquele que inspirou o livro, e que depois virou filme estrelado por Selton Mello, mas que por sorte conseguiu virar sua estória antes dela virar contra ele. Santa paranóia. Bendita bad trip.

Contou-nos como é possível viver dez anos em um pela força da imaturidade da juventude e amadurecer esses mesmos dez anos em meses.

Ensinou-nos que o tempo é fugaz, que o menino pode ensinar ao velho, e que às vezes alguns males podem vir mesmo para o bem. Ensinou que os anjos podem se vestir até de doenças para nos proteger, e que suas asas algumas vezes podem ser “câmeras ocultas e agentes secretos” a nos vigiar, nos impedir o próximo passo...

De fato, a sabedoria do garoto, sua experiência de vida, e sua generosidade em compartilhar, além de tudo, foi um tapa na arrogância dos mais velhos para com os mais novos, sempre achando que têm muito a ensinar e muito pouco a aprender. Ledo engano.

Impressionou sua coragem, seu desprendimento, contou o que nem todos têm coragem para contar, se abriu perante estranhos, ousou ser ousado, e não se via de suas palavras a arrogância comum do adolescente, mas a maturidade do velho, ao reconhecer que viveu, errou e aprendeu.

Tanto aprendeu que sua guinada na vida foi literalmente de 180 graus....em todos os sentidos possíveis, inclusive territoriais.

Mais do quê aprendeu, nos ensinou. E muito.

E todos que o circundavam, inclusive eu, tornaram-se ouvintes, “rintes” e “perguntintes”...enfim tudo, menos falantes.
Ledo engano. Ainda bem.

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